Por um momento, o coração de Anne acelerou estranhamente, e pela primeira vez seus olhos vacilaram sob o olhar fixo de Gilbert. Um rosado rubor coloriu a palidez de sua face. Era como se um véu que estivera pendurado diante de sua consciência fosse erguido, revelando sentimentos e verdades dos quais ela não suspeitava. Talvez, afinal, o romance não chegasse na vida de alguém com toda a pompa e majestade, como um alegre cavaleiro andante. Talvez chegasse silenciosamente ao nosso lado como um velho amigo. Talvez se revelasse em aparência de prosa, até que uma súbita flecha de iluminação fosse lançada em suas páginas e traísse o ritmo e a música. Talvez... talvez... talvez o amor nascesse naturalmente de uma bonita amizade, como a rosa de miolo dourado surgia de dentro das sépalas verdes.
(Foto: Ismia Kariny)
As mãos que dizem adeus são pássaros que vão morrendo lentamente
Editada pela primeira vez em 1977, "A vaca e o hipogrifo" apresenta Mario Quintana no esplendor da maturidade como poeta. O título mostra a informalidade do autor, empregando constantemente expressões do cotidiano e se utilizando tanto da prosa quanto do verso – como em seu Caderno H, coluna que manteve durante décadas no Correio do Povo, de Porto Alegre. No entanto, mesmo com a espontaneidade aparente em sua escrita, que poderia soar ingênua com sua linguagem simples, encontra-se uma constante experimentação de formas. Em "A vaca e o hipogrifo", com mais de 200 textos, estão reunidos pensamentos, aforismos, anotações, poemas e breves crônicas, reunindo prosas, miniprosas e poemas. Por muitas vezes próxima à forma de um diário, o título permite experimentar o domínio de Quintana no contraste entre os versos e a prosa, que também se mesclam.
terça-feira, agosto 04, 2020
No Comments
Querida Kitty,
Será que é por estar há tanto tempo sem pôr o nariz para fora que me tornei tão doida
por tudo quanto diga respeito à natureza? Lembro-me perfeitamente de que não havia céu azul,
canto de pássaros, luar e flores que me fascinassem como agora. Mas isso mudou desde que
vim para cá.
Em Pentecostes, por exemplo, quando o calor era sufocante, fiquei acordada até as onze
e meia da noite para contemplar a lua à vontade, sozinha. Foi em vão o sacrifício; o luar
estava tão claro que não me atrevi a correr o risco de abrir a janela.
segunda-feira, junho 15, 2020
No Comments
(Foto: Ismia Kariny)
O último livro de C. S. Lewis é uma abordagem franca e honesta sobre a oração. Publicação póstuma, ainda assim permaneceu na lista dos mais vendidos por muito tempo.
Oração: cartas a Malcolm é um livro belamente concretizado e profundamente emocionante que trata dos temores e das fraquezas do homem. Em forma de cartas afetuosas e descontraídas a um amigo muito chegado, C. S. Lewis medita em várias questões relativas ao diálogo íntimo entre homem e Deus. Pondera sobre aspectos práticos e metafóricos da oração. Indaga sobre nossa real necessidade de falar com Deus e sobre a forma ideal de oração. Busca saber qual dos nossos muitos eus mostramos a Deus enquanto oramos. E muito mais. A carta final contém pensamentos instigantes sobre cristãos liberais, alma e ressurreição.
domingo, maio 03, 2020
No Comments
(Foto: Ismia Kariny)
Ah! As coisas que fazemos para presentear aqueles a quem amamos. Mas não nos importamos, não é? Faríamos tudo de novo. A verdade é, fazemos tudo novamente. Cada Natal, cada aniversário, sempre que nos encontramos em território estrangeiro. Adultos em lojas de brinquedos. Pais em lojas para adolescentes. Esposas em lojas de esportes e maridos em lojas de bolsas.
quarta-feira, março 25, 2020
No Comments