Transição capilar, o que fiz, como me senti (+ fotos)
sexta-feira, janeiro 18, 2019
Illustrated by: unknown
Esse é um post que está bem atrasado, admito. Eu já estou prestes a completar quatro anos desde o início da minha transição, ou melhor, desde a última vez que usei química no meu cabelo. E em maio também vou completar três anos desde o meu Big Chop. Até cheguei a fazer um rascunho desse texto, mas agora ele já tinha perdido a validade. Muita coisa mudou na minha experiência até aqui e tenho muito mais história para contar. Porém, antes de tudo, considerando o grande número de visualizações que meu outro texto — sobre a história do meu cabelo — recebeu e continua a receber, devo deixar claro que não tenho intenções de falar sobre o meu cabelo nesse blog. Isso porque eu ainda estou aprendendo e garanto que existem youtubers com material beeem mais interessante que o meu kk Espero apenas que aprendam com as minhas falhas e entendam um pouco mais desse universo cacheado com o que eu irei apresentar aqui.
Se você já leu o meu outro post, em que conto a história do meu cabelo, com certeza já conhecer toda a jornada que passei até voltar a "beleza natural". Então não irei falar mais sobre isso. Se ainda não sabe da "minha história", volta lá naquele link do primeiro parágrado, e não esquece de retornar depois que ler kk. O foco hoje é o que eu fiz durante esse período de transição e como eu me senti. E para ser bem direta, não fiz muita coisa. Eu nunca me importei com a aparência do meu cabelo. Desleixada? Talvez. Mas não sou do tipo de pessoa que faz muitos penteados ou muda muito o estilo do cabelo com cortes ou tinturas — eu não sei fazer isso. Por isso eu passei pelo período da transição todo usando rabo de cavalo. Até porque a primeira coisa que fiz logo após decidir não aplicar mais química no meu cabelo, foi cortar metade do comprimento dele. Eu sou o tipo de pessoa que pensa bem antes de fazer algo e após tomar uma decisão dificilmente volto atrás (se depender somente do meu esforço, é claro kk).
Cuidados com a saúde do cabelo
De início eu pretendia fazer um permanente afro, mas o meu cabelo estava muito fragilizado pela química e uma falta de rotina de tratamento capilar. Então a moça do salão especializado me recomendou fazer algumas cauterizações antes de aplicar o novo produto. E assim eu fiz. Até que com cerca de dez meses desde o meu último alisamento, com a raiz já bem aparente — e a última visita aquele salão —, ela disse que meu cabelo tinha melhorado, mas ainda não suportaria o uso do produto. Ali, naquele momento, tudo perdeu o sentido. Por que razão eu iria esperar mais alguns meses para reestruturar o formato do meu fio, quando tudo o que eu queria é ter ele cacheado para iniciar o processo de transição? Meu cabelo natural já estava ali! Se é de esperar um pouco mais, por que não iniciar a transição agora mesmo? — pensei. No dia seguinte fui no salão que estava habituada e, como já disse, cortei metade do cabelo, chega de química! E daí por diante eu fui seguindo fazendo hidratações com produtos que eu tinha em casa mesmo, mas, principalmente, umectações com azeite de oliva. O azeite de oliva deixou o meu cabelo com mais brilho, mais forte, sem pontas duplas e os cachos mais definidos e saudáveis.
Eu aprendi que a transição capilar é sobre crescimento (sem trocadilhos), tratamento e muito amor. É uma mudança que não ocorre apenas no exterior, mas nos transforma por dentro. E traz consigo também muita ansiedade, autoestima baixa, e requer ainda mais paciência e força de vontade. Por isso não adianta entrar nessa de transição capilar por causa de terceiros. Ou aguardando que logo no primeiro momento seja algo completamente libertador. É necessário, antes de tudo, ter confiança e certeza de que essa decisão vem de você, para você, e que te fará um bem imensurável.
No meu caso, entrei nessa pelo cansaço e pela necessidade de mudar quem eu era. E talvez seja algo que todos tenhamos em comum ao decidir passar pela transição. Eu mudei antes de decidir passar pela transformação e fui mudando durante todo o processo. Hoje, quatro anos depois, não me arrependo nem um pouco. Mesmo com todas as dificuldades que ainda tenho, todas as frustrações pelas quais passei, ainda sinto que valeu a pena.
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Última foto que tirei antes do BC, em 10 de Abril de 2016. Um mês depois eu fiz o corte final. Observem o comprimento do cabelo. |
Entretanto, se é para falar de arrependimento, eu não posso deixar de mencionar a única e maior decepção que tive durante a transição, e que até hoje é o fantasma que me persegue. Talvez te assuste, mas esse relato também vai te deixar mais desconfiada(o) e isso é bom. Logo que decidir fazer o BC, eu fui parar em um salão. Não era o que eu pretendia fazer, e fui sem muita certeza. Por mim teria feito o meu BC sozinha, eu e a tesoura. Porém, acabei cedendo ao argumento de que um profissional faria melhor do que eu. E bom, nunca esqueci a cena da minha felicidade escapando entre os meus dedos. Ou melhor, se me permite usar esse péssimo trocadilho, por entre meus fios. Eu vi, ainda que sem óculos e com a visão bem embaçada, um black lindo perder sua forma. E até hoje ele ainda não tem forma alguma.
Sim, já se passaram quase três anos desde o meu BC e não tem um dia sequer que eu não me sinta insatisfeita com o meu cabelo. Eu nunca me arrependi de ter voltado aos cachos, mas nunca me senti feliz com o cabelo que eu tenho. Tudo porque fiz algo que não estava certa. E isso pode até ser sobre cabelo, mas é também um aprendizado para a vida. A gente nunca vai se sentir satisfeito ao tomar decisões baseadas nas opiniões de outra pessoa. E eu não estou falando isso com rancor, longe de mim, a pessoa a quem eu ouvi é a única pessoa no mundo a quem devo inteiramente a minha confiança. Porém, existem casos que as consequências só a gente vai ter que suportar, e tudo é mais fácil de se encarar quando as decisões foram tomadas sem interferências de "terceiros".
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Ainda com o "franjão" um tempo depois do BC. |
Devido a isto, tudo mais foi uma bola de neve. Eu nunca me senti satisfeita com o meu cabelo, e vivo sob o desejo constante de cortar ele. E eu corto. Porém, só as pontas. No entanto, um ou dois anos após o BC, não me recordo bem, eu fiz o único corte significativo no meu cabelo. A moça no salão havia feito um corte joãozinho com uma franja na frente, uma inspiração meio bizarra que ela fez de uma moça da, não tenho certeza, novela das seis. E eu ODIAVA, porque eu queria um BC, não um corte arbitrário. Então eu taquei a tesoura lindamente, e "arredondei" meu cabelo a força. Enfim, isso resultou em uma espécie de franja que tenho até hoje, e ultimamente tem me irritado bastante por estar grande e sujar meu óculos. Ou seja, fui de um franjão, na verdade, para uma franja reta no meio da minha testa.
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Aqui dá pra ver bem o corte que eu fiz. Aliás, foi a última vez que a minha testa ficou visível, saudades. |
Depois disso eu aprendi a cortar em camadas, e a aparar as pontinhas. Entretanto, o meu cabelo segue sem volume atrás, bem batido, o que faz o meu cabelo parecer sempre um quadrado se olhar ele do ângulo de perfil. Assim, as maiores dificuldades que eu tenho com o meu cabelo é a própria falta de forma, e as consequências que ela traz, como: o cabelo está bem longo, mas o fator encolhimento ser bem alto, talvez por contar dos fios sem ajuntarem demais; ele ficar bastante embaraçado na parte de trás e encher essa área de nós; e devido a tudo isto, eu precisar demorar duas horas fazendo dedoliss no cabelo para poder deixá-lo em uma forma visualmente agradável, já que se armar ele todo, vai ficar em um formato bem bizarro. Se estou exagerando? Não sei, talvez. Porém, em breve, eu irei a um salão especializado em cachos para resolver isso, e acho que vai ficar tudo bem. Torçam por mim ♥️
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E pra finalizar, uma foto até legalzinha para vocês verem que, apesar de tudo, dá para manter o cabelo saudável e com definição e volume a vontade (ou até onde o corte permitir kkk). |
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