História do meu cabelo || Fim da transição - Viratempo

História do meu cabelo || Fim da transição

by - terça-feira, maio 10, 2016


  Sim, eu estive passando pela transição capilar. Sim, eu fiz o Big Chop. Talvez você não saiba o que é transição capilar, e muito menos o que é big chop. Mas calma! Vou explicar tudinho sobre essa linguagem estranha kk Só que antes, preciso contar a minha história. Então relaxa aí, e vamos lá...




Raiz alta no réveillon, era isso que eu odiava. Nunca me preocupei em sair na rua com o cabelo volumoso, mas não gostava de usar ele assim em eventos especiais. Queria ficar bonita como todo mundo, né? kkk
A história que vou contar é sobre meu primeiro alisamento, e todos os anos em que me submeti a química, química e mais química, e nunca estive com uma aparência que realmente me agradasse. Digo, de verdade, sem superficialidade. Não estou dando uma de louca aqui, dizendo que todo esse tempo eu fui uma vítima da sociedade ou whatever. Não. Estou falando que todo esse processo de alisamento era cansativo pra mim. Quero dizer, de três em três meses fazer a manutenção, sempre desestruturando a raiz crescida, para que em poucas semanas ela voltasse a ter uma aparência meio estranha, não valia a pena. Chegava sempre um período em que eu ficava constrangida de sair com aquela raiz alta, e eu nunca soube e nem sei fazer penteados diferentes, ou usar escova e chapinha, e nem mesmo fazia tratamentos no cabelo como deveria. Então para alguém como eu, nunca valeu a pena. Eu vivia levando bronca das pessoas que cuidavam do meu cabelo, mas não adiantava nada kk Tudo que eu passei em relação ao meu cabelo foi por falta de cuidado meu mesmo.

Até que combina, né?
  Ah, e a forma que eu estou falando aqui é como se todos esses anos eu fosse obrigada a usar química no cabelo. Não. Eu só percebi que vivi na mesmice por muito tempo, e cansei, a pouco tempo. Não sei como isso aconteceu, mas lembro que pensei "Todo mundo muda de visual, seja com uma cor ou corte diferente, e eu continuo todos os anos com esse cabelo liso e reto.", e me senti presa. Porque um corte diferente com poucas semanas ficaria esquisito quando a raiz estivesse alta, uma cor diferente eu não poderia usar por conta da química e falta de cuidados que eu tinha. Então veio outra lembrança á minha mente, que eu nunca quis ter esse cabelo liso que eu tinha, o que eu achava lindo e admirava mesmo, eram os cabelos da Taís Araújo na novela Da Cor do Pecado, aqueles cabelos ondulados e longos. Mas eu era criança, não sabia se era possível ondular os cabelos daquele jeito. E nunca procurei me informar sobre isso com ninguém. E foi assim que eu decidi "É acho que vou ondular meus cabelos lisos" Até comprei um aplique ondulado, pra ver como ficava - e usar no cosplay da Katara que eu pretendo fazer acabou servindo pra nada porque me enganei na hora da compra e era só uma peça que vinha -.

Minha mãe fazia uns penteados fofos em mim. Quando eu falei que ela não sabia cuidar do meu cabelo me referia aos cuidados especiais que os cachos necessitam, e não que ela deixava meu cabelo todo acabado. Não é isso kkk
  A verdade é que eu nunca conheci os meus fios, e sei que até por conta da puberdade eles podem chegar a mudar sua estrutura. Mas tanto eu não sabia cuidar do meu cabelo, como acredito que se minha mãe soubesse como cuidar de cabelo cacheado eu nunca o teria alisado, pois conheceríamos como era a forma dele. Até porque o cabelo dela é liso, e sabemos que os cuidados são quase que totalmente diferentes. Não dá pra usar os mesmos métodos de um cabelo liso em um cacheado, porque se não ficaria uma zona kk E foi isso que aconteceu. Ah, também não estou culpando minha mãe. Como ela mesmo disse meu cabelo está totalmente diferente do que era naquela época, porque meus cuidados diários fizeram ele ficar com uma aparência tão boa, que se eu soubesse disso antes nunca teria alisado. Tudo que aconteceu foi relativo a falta de conhecimento. E é fato, a maioria das meninas que alisaram como eu e voltaram aos cachos pensam assim "Se eu soubesse, não teria chegado a isso", porque a única coisa que tornava os nossos cabelos feios eram nossa falta de cuidado, a falta da informação que a gente necessitava. Hoje não, tem a internet com os videos no youtube e blogs com dicas de cuidados pro cabelo cacheado, já tem empresas grandes investindo em produtos para cabelos cacheados. Não tem como não saber o que nossas molinhas precisam. Alisar ou não alisar é questão de escolha, gosto, antes era só tendência. Não digo moda. Mas era quase como uma regra "Cabelo crespo, alisa". Pode ser preconceito, como também pode não ser. Mas isso é uma visão que eu tenho, que cabelo ruim é cabelo mal cuidado.

Precisei cortar curto uma vez porque meu cabelo estava muito quebrado devido a falta de cuidados
  Outra mudança que eu tive antes de decidir que estava na hora de parar de usar química, também não sei como aconteceu. Mas acho que o ponto de partida que eu tive pra essa decisão foi este video aqui, nesse video a Maraisa comenta que teve corte químico. E eu fiquei preocupada com isso, e comecei a me questionar Se um dia eu tiver esse corte químico? e Será que eu quero mesmo passar a vida inteira usando química?, foram questionamentos assim, principalmente em relação a minha profissão futura. Eu vou me tornar uma jornalista no futuro, a aparência, o visual, é muito importante nessa área. O que eu iria fazer em relação a isso? Então foi um novo processo, o de aceitação. Queria que meu cabelo fosse de um tipo X ou Y, mas eu já havia decidido que liso ele não seria mais, nem mesmo ondulado.

  Decidi então fazer o permanente afro, o mais parecido com o que eu achava que era os meus cachos, até porque nessa época eu já tinha uns meses de raiz crescida. Essa foi a nova etapa de uma séries de mudanças, e eu passei por tudo isso de acordo com as circunstâncias, a cada decisão que eu tomava, todo o resto era jogado fora. E bem, eu me informei direitinho sobre o permanente afro, encontrei um salão especializado, e na primeira vez que fui lá estava com uns 6 meses sem química. Era o tempo necessário antes de poder fazer o permanente afro, e eu passei por esses meses com uma ansiedade, mas foi tudo tranquilo. Porém - e graças a Deus - por eu ter esperado esse tempo antes de ir, não tive tempo pra cuidar apropriadamente do meu cabelo. Por isso não pude fazer, e tive que fazer uma série de cauterizações antes de voltar ao salão para saber se meu cabelo suportaria o novo processo químico. Fui com aproximadamente 10 meses, e novamente meu cabelo não poderia suportar. E naquela hora que a mulher do salão falou que meu cabelo teve uma melhora mas ainda não aguentaria a química, eu tomei a maior, a melhor e mais louca decisão que eu poderia ter tido. A moça que auxiliava ela ia tirando o produto do meu cabelo, e ela ia falando das opções que eu poderia ter, como colocar tranças ou sei lá o quê, e nessa hora eu só pensava no quanto aquilo não ia servir pra mim, e que o que eu queria mesmo era aproveitar todos aqueles meses que eu aguentei sem quimica, e ir em frente, e abandoná-la de vez. Pra quê gastar com algo que não vai me servir? Pensando nisso agora, eu me senti realmente bem. Estava aliviada, aquilo só era uma forma que eu pensei de passar pela transição sem ter duas texturas de cabelo diferentes. Eu não pretendia ficar fazendo o permanente afro sempre e ser dependente da química outra vez. Foi bem melhor assim.

Após o Big Chop, não é a melhor foto que eu poderia tirar, mas é que ainda estou acostumando
  Então finalmente, o que veio em seguida, foi uma série de cuidados e tratamentos para meus cachinhos crescerem saudáveis. E eu acompanhei cada detalhe do crescimento, cada cachinho se formando, cada stress por conta dos problemas que a química causou na estrutura dos meus fios, no meu couro cabeludo, e eu vinha tratando isso. Até pegar um amor tão grande, que é estranho pensar que eu não dava tanta atenção a ele assim. Foi uma mudança além de uma simples decisão de mudar o visual. Eu aprendi a gostar de mim em cada pedacinho do que sou. Não quero dizer que no futuro eu não vou querer fazer algo diferente, mas agora eu me sinto totalmente livre. Eu precisava disso em algum momento da minha vida, e tenho certeza de que não vou voltar atrás. Fiz o big chop no dia 07 de Maio de 2016. E eu vou falar sobre tudo o que senti em um próximo post, pois esse já ficou longo demais.

Cortei curtinho pra passar pela transição capilar, esse foi o primeiro BC pra mim.
  Vamos agora as respostas. Acredito que agora você já tenha uma ideia do que é Transição Capilar e Big Chop, mas ainda assim vou explicar o que significa. A transição capilar começa quando você decide parar de fazer química, e é todo o processo desde o último alisamento até o big chop, todo o tempo que você leva até finalmente assumir seu crespo ou cacheado. Big chop é o grande corte. Eu fiz dois BCs, mas o sentido que usam mesmo para ele, é para o momento em que você tira toda a parte lisa do cabelo e finalmente assume os cachos. Eu cortei metade do meu cabelo logo após a decisão de parar com todas as químicas - nem uns três dias depois de sair daquele salão em que faria o permanente afro -, e o outro corte para assumir mesmo. Algumas pessoas passam pela transição sem fazer o BC, cortando de pouquinho em pouquinho, e isso leva muito mais tempo. É preciso coragem pra passar por cada etapa, mas vale a pena. Como eu sempre andei com o cabelo todo esquisito não foi tão difícil assim pra mim, mas tive que deixar muita coisa de lado pra isso. Minha auto estima estava lá no chão, mas eu sabia que coisas boas viriam mais a frente. E bem, elas sempre vem.

  Espero que tenha gostado de ler sobre a história do meu cabelo, o texto ficou maior do que eu esperava, e olha que tentei ao máximo ser objetiva. Agradeço a paciência, de verdade. Volte sempre, e deixa um comentário e me segue, se quiser.

Até mais!

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